A conservação de uma boa saúde em viagem é essencial. Quando viajamos em países menos desenvolvidos que o nosso (do ponto de vista da higiene) é vital dedicarmos uma enorme atenção à evolução do nosso estado físico pois qualquer descuido pode trazer-nos graves dissabores.
Em paralelo, é igualmente essencial não deixarmos enfraquecer o organismo por ingestão deficiente de nutrientes e de líquidos, tanto em quantidade como em qualidade. Um organismo depauperado torna-se propenso à doença.
Tenha sempre presente de que melhor do que qualquer vacina é a atitude de vigilância constante ao que comemos e bebemos.
Escusado será dizer que partir de boa saúde é a primeira prioridade.
Hidratação: Na montanha ou no deserto, o ar é mais seco, o que, associado ao esforço físico diário gera uma maior perda de vapor de água pela respiração. Podemos não notá-lo mas respiramos mais rápida e profundamente. Por via desse esforço também transpiramos mais.
Mas não só: a nossa exposição prolongada ao sol e ao vento também contribui para esse efeito.
Por isso recomendamos-lhe que beba regularmente durante o esforço, mesmo que não tenha sede. Três ou quatro golos em cada quarenta minutos são suficientes. Use um cantil ou uma garrafa de água com uma capacidade de 1.5 litros.
A hidratação no final do esforço é a mais importante, pois durante o dia não conseguirá beber tanto quanto necessário. Prefira água morna ou quente (chá, sopa), pois o organismo absorve-a melhor, e concentre-se em conseguir absorver o mais possível. Tente conseguir duas urinas abundantes entre o final da etapa e o deitar. Uma urina transparente significa que o organismo está bem hidratado. Mantendo sempre uma boa hidratação do organismo possibilita uma recuperação mais rápida da fadiga muscular durante a noite. Caso ache necessário, durma com o cantil à cabeceira e beba de cada vez que despertar.
Há quem decida beber pouco ao serão para evitar passar pelo desconforto (e às vezes pelo frio) de ter de levantar-se durante a noite. Isso é muito errado, e você tem de assumir que esse é um custo necessário para manter-se na melhor forma possível.
O pequeno almoço é outra ocasião que deverá aproveitar para beber bastante.
Por precaução, trate toda a água que não for fervida ou engarrafada. Leve pastilhas de purificação de água, um filtro apropriado ou um frasco conta-gotas com lixívia ou tintura de iodo para desinfectar toda a água que não foi não tratada. Desconfie do gelo que lhe servem nas bebidas por que pode provir de água da torneira!
Nos climas quentes e húmidos em que a sudação pode ser abundante convém abusar um pouco do sal de cozinha.
Alimentação: Numa viagem com predominância de esforço físico é vital repor as calorias gastas em cada etapa. Note que não é necessário comer muito, desde que se coma o que é correcto. É generalizada a ideia de que a carne é que dá força.
Nos programas que organizamos, em que o tipo de esforço é de intensidade moderada mas de relativa longa duração, essa ideia é muito errada. As suas refeições devem ser sempre muito ricas em hidratos de carbono (arroz, massas, batata, cereais, feijão, biscoitos, etc) para repor as reservas de energia que gastou durante o dia. O seu suprimento far-se-à sobretudo ao jantar pois a refeição de meio do dia deve ser frugal, tipo pic nic, para que não prossiga a etapa com uma digestão pesada.
É curioso de notar como as diversas regiões possuem os seus alimentos de esforço característicos: o arroz e a massa na Ásia, a batata e o feijão na Europa (originários do Brasil), o cous cous e a lentilha no Magrebe, a mandioca no resto de África, a quinoa e o milho nos Andes, etc, não mencionando os diversos tipos de cereal que se generalizaram nos vários continentes, cada um adaptado às condições climáticas locais.
Não coma alimentos crus excepto se conhecer a sua proveniência ou no caso de fruta envolta em casca (lave-a muito bem antes de descascá-la).
A gastronomia é um aspecto cultural muito importante em cada viagem e recomendamos que procure conhecer o mais possível das suas variadas facetas. Os locais privilegiados para ter essa experiência, e seguramente os mais genuínos, são onde come o povo nativo. Procure estabelecimentos simples e movimentados, e misture-se com os locais. Nos países que gozam de bom clima pode-se comer uma refeição na rua, servida a partir de bancas. É uma experiência muito interessante, não sem envolver algum risco para a saúde, mas que consideramos imprescindível.
Thursday, April 22, 1999
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